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Se cair, não morra

domingo, 12 de agosto de 2007

Era um dia lindo, daqueles que você recebe um e-mail da professora avisando que não haverá aula na parte da manhã.
Estava eu, debatendo com as meninas, amigas da Raíssa, a minha preferência por merthiolate. Eu usava merthiolate ao invés de mercúrio (ou mercuriocromo), acho isso muito explicativo sobre a minha pessoa (masoquista?). No dia em que lançaram a versão spray do meu anti-séptico favorito, eu sai escondida de casa, à noite, e capotei com a bicicleta, só pra poder experimentar no corpo todo (principalmente no que sobrou do meu queixo) a nova invenção dos laboratórios lilly.
No fim da conversa - depois da Raíssa ter afirmado que, de fato, quando era criança bateu com a cabeça (o que não é uma mera figura de linguagem para pessoas "sem noção" no caso dela), pois foi atropelada por uma combe e sofreu um traumatismo craniano - eu comentei que fazia séculos que não caia e ralava os joelhos, e alguém falou, mudando de assunto, que meus óculos de Sol eram legais, e eu contei a história da aquisição deles - o protetor solar me causou uma séria reação alérgica, e meu rosto inchou (não conhecia enswell na época, talvez porque nunca fui boxeadora) e meus olhos ficaram apertados, me dando um aspecto down, síndrome de down.
Entrei no ônibus, e como tudo parecia me advertir do que iria me acontecer, eu reparei fixamente no tornozelo de uma menina, que ao meu ver eram demasiadamente finos, o que me fez pensar se ela não teria algum problema de ligamento que a fizesse sofrer quedas repentinas.
Fui para a minha única aula do dia, laboratório de circuitos digitais com o Takashi. O dia estava ensolarado e quente, tirei meus óculos e os coloquei de fronte a minha pessoa, para não esquecê-los. Quando terminei, sai rápido do laboratório para pegar o ônibus quanto antes possível, passei por um amigo meu, fiz uma brincadeira e, sorrindo, comecei a descer a escada. Sorriso, calor, piscada, torção no tornozelo esquerdo, dor, borrão, susto, chão... E foi assim, depois de 10 anos, que eu voltei a ralar os joelhos, em um momento eu estava sorrindo, no outro estava no chão, literalmente.
Um homem, que estava abrindo seu carro no momento em que eu ainda estava feliz e contente, apareceu na minha frente, mais pálido do que eu, querendo saber se eu tinha me machucado, "um pouco", se eu estava bem, "estou sim", se eu queria ajuda, "obrigada , mas eu tô legal", se eu queria ir na USE, "ahh não tem necessidade, só ralei o joelho". E depois que eu reafirmei que estava bem umas 10 vezes e que apenas tinha me assustado porque fazia anos que não caia, ele afirmou que também tinha se assustado muito porque, de repente, uma pessoa despencou da escada, eu me despedi agradecendo.
Corri pra pegar o ônibus (pensei: cair 2 vezes em um dia é o tipo de azar que eu não tenho) e cheguei cedo demais na rodoviária. Liguei pra minha mãe, avisando que tinha caído, estava com o tornozelo torcido, 2 joelhos ralados, uma dor no corpo todo e que a calça nova tinha rasgado. Foi quando eu percebi que tinha esquecido meus óculos escuros no laboratório. "Ahhh não, não, isso não está acontecendo comigo". Ligo pra meio mundo, mando sms, todo mundo em aula... Vou na lanchonete, pergunto por um computador com acesso à internet e eles me indicam uma lan house. No meio do caminha da Lan, dou de topo com dois amigos do BCC comprando passagem, consigo o telefone de um outro amigo e mando um sms requerindo o telefone do eptv (from this day on, anotarei o telefone de todo mundo), que estava no lab comigo. Quando finalmente consegui contactá-lo e sosseguei na busca por um salvador de óculos-esquecidos, eu me sentei para esperar o ônibus.
Naquele momento, conheci uma menina que faz biologia na UNESP, muito legal, que me ajudou a improvisar algo pra limpar os machucados e me distraiu toda a viagem até Rio Claro contando histórias de quedas, CICATRIZES (e não sicatrizes, como a anarfa beuda havia escrito antes - valeu EPTV!) e festas.

Moral da história: Sempre sou avisada dos meus acidentes. Perdi uma ponta do dedo com minha mãe dizendo pra eu não ir ao meu quarto, porque era perigoso; capotei da bicicleta depois que sai escondido, porque minha mãe me disse que aquilo não era hora de pedalar; atropelei uma moto no dia em que obtive aulas de instruções de trânsito; perdi um tufo de cabelo depois de zoar a cálvice dos meninos e cai da escada, devido a uma torção de tornozelo, depois de tudo que eu acabei de contar.
Moral 2: Se não tivesse esquecido meus óculos, eles também teriam se espatifado. No fim, eu nem precisava ter procurado alguém para resgatá-los, meu amigo Filipe percebeu que eu os esqueci e guardou-os pra mim.
Moral 3: Se cair, não morra. Todas as quedas resultam em boas histórias, principalmente pra iniciar o novo semestre do blog de uma menina de 18 anos e joelhos ralados, uma pirralha eterna, como diria minha amiga.

Bom começo de semestre pra vocês, o meu já começou despencando.